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Tipos de Diabetes

Você conhece o famoso pâncreas?

O pâncreas é um órgão localizado atrás do estômago que produz alguns hormônios importantes para nosso sistema digestivo. Em condições rotineiras, quando o nível de glicose no sangue sobe, células especiais, chamadas células beta, produzem insulina. Assim, de acordo com as necessidades do organismo no momento, é possível determinar se essa glicose vai ser utilizada como combustível para as atividades do corpo ou será armazenada como reserva, em forma de gordura. Isso faz com que o nível de glicose (ou taxa de glicemia) no sangue volte ao normal.

O que é Diabetes Tipo 1?

Em algumas pessoas, o sistema imunológico ataca equivocadamente as células beta.
Logo, pouca ou nenhuma insulina é liberada para o corpo. Como resultado, a glicose fica no sangue, em vez de ser usada como energia. Esse é o processo que caracteriza o Tipo 1 de diabetes, que concentra entre 5 e 10% do total de pessoas com a doença.

O Tipo 1 aparece geralmente na infância ou adolescência, mas pode ser diagnosticado em adultos também. Essa variedade é sempre tratada com insulina, medicamentos, planejamento alimentar e atividades físicas, para ajudar a controlar o nível de glicose no sangue.

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O que é Diabetes Tipo 2?

O Tipo 2 aparece quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz; ou não produz insulina suficiente para controla a taxa de glicemia.

Cerca de 90% das pessoas com diabetes têm o Tipo 2. Ele se manifesta mais frequentemente em adultos, mas crianças também podem apresentar. Dependendo da gravidade, ele pode ser controlado com atividade física e planejamento alimentar. Em outros casos, exige o uso de insulina e/ou outros medicamentos para controlar a glicose.

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Diabetes Gestacional

O que é?

Durante a gravidez, para permitir o desenvolvimento do bebê, a mulher passa por mudan-ças em seu equilíbrio hormonal. A placenta, por exemplo, é uma fonte importante de hor-mônios que reduzem a ação da insulina, responsável pela captação e utilização da glico-se pelo corpo. O pâncreas, consequentemente, aumenta a produção de insulina para compensar este quadro. 

Em algumas mulheres, entretanto, este processo não ocorre e elas desenvolvem um quadro de diabetes gestacional, caracterizado pelo aumento do nível de glicose no sangue. Quando o bebê é exposto a grandes quantidades de glicose ainda no ambiente intrauterino, há maior risco de crescimento excessivo (macrossomia fetal) e, consequentemente, partos traumáticos, hipoglicemia neonatal e até de obesidade e diabetes na vida adulta.

Como eu percebo que estou com diabetes gestacional?

O diabetes gestacional pode ocorrer em qualquer mulher e nem sempre os sintomas são identificáveis. Por isso, recomenda-se que todas as gestantes pesquisem, a partir da 24ª semana de gravidez (início do 6º mês), como está a glicose em jejum e, mais importante ainda, a glicemia após estímulo da ingestão de glicose, o chamado teste oral de tolerância a glicose.

Quais são os fatores de risco?

Idade materna mais avançada

Ganho de peso excessivo durante a gestação

Sobrepeso ou obesidade

Síndrome dos ovários policísticos

História prévia de bebês grandes (mais de 4 kg) ou de diabetes gestacional

História familiar de diabetes em parentes de 1º grau (pais e irmãos)

História de diabetes gestacional na mãe da gestante

Hipertensão arterial na gestação

Gestação múltipla (gravidez de gêmeos).

É possível controlar?

Sim. O controle do diabetes gestacional é feito, na maioria das vezes, com a orientação nutricional adequada. Para cada período da gravidez, uma quantidade certa de nutrientes. A prática de atividade física é outra medida de grande eficácia para redução dos níveis glicêmicos. A atividade deve ser feita somente depois de avaliada se existe alguma contraindicação, como por exemplo, risco de trabalho de parto prematuro.

Aquelas gestantes que não chegam a um controle adequado com dieta e atividade física têm indicação de associar uso de insulinoterapia. O uso da insulina é seguro durante a gestação. É importante destacar que a maioria das gestações complicadas pelo diabetes, quando tratadas de maneira adequada, terão excelente desfecho e os bebês nascerão saudáveis.

Cuidados

O histórico de diabetes gestacional é um importante fator de risco para desenvolvimento de Diabetes Tipo 2. Aproximadamente seis semanas após o parto, a mãe deve realizar um novo teste oral de tolerância a glicose, sem estar em uso de medicamentos antidiabéticos.

Uma ótima notícia é que o aleitamento materno pode reduzir o risco de desenvolvimento de diabetes após o parto. A alimentação balanceada e a prática regular de atividades físicas completam essa ‘fórmula infalível’.

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Diabetes tipo LADA

O que é a diabetes tipo LADA?

Diabetes tipo LADA. Nunca ouviu falar? Nada tema, temos um artigo preparado para si que vai das origens da doença ao seu tratamento. Um bê-a-bá sobre o tema, com muita informação que lhe poderá ser útil, mesmo que não tenha a doença.

Sabe quantos tipos de diabetes existem? O mais provável é que só se lembre de 2. Além dos mais conhecidos tipos 1 e 2 (e, vá, a diabetes gestacional), existem outros tipos de diabetes menos conhecidos, e que ocorrem com muito menos frequência, mas que têm características próprias.Um exemplo disso é a diabetes tipo LADA.

Este é um tipo de diabetes que costuma ser confundido com a diabetes tipo 2, mas que ao contrário desta é uma doença autoimune (como a diabetes tipo 1) e afeta os doentes de maneira bem diferente.

Origens e prevalência

A insulina (a hormona que permite ao corpo utilizar o açúcar que consumimos) é produzida por grupos de células do pâncreas, nos chamados de ilhéus de Langerhans. Nos ilhéus existem vários tipos de células. Às células que produzem insulina, chamamos células beta.

Normalmente, o corpo humano, além de produzir insulina, produz também substâncias chamadas de anticorpos, que têm funções de defesa do organismo. Estes identificam, também, células indesejáveis para que sejam destruídas (células cancerígenas, por exemplo). Por vezes, esses anticorpos são produzidos para atacar as células do próprio corpo. É o que acontece na diabetes tipo 1, por exemplo, em que são produzidos anticorpos que atacam as células beta produtoras de insulina – e é por isso que lhe chamamos de doença autoimune.

Em 1986, um grupo de investigadores reportou um tipo de diabetes onde, apesar da presença deste tipo de anticorpos, a função das células beta estava mais ou menos preservada. Por isso mesmo, foi primeiro classificado como um tipo de diabetes 1, mas latente. Mais tarde, em 1994, este tipo de diabetes foi finalmente nomeado de latent autoimmune diabetes in adults, ou LADA, exatamente pela sua progressão lenta, ainda que autoimune como a diabetes tipo 1.

Como é que a diabetes tipo LADA se compara com os outros tipos de diabetes?

É curioso perceber que, apesar de a diabetes tipo LADA ter características que se podiam assemelhar mais à diabetes tipo 1, ela é muitas vezes confundidas com a diabetes tipo 2.

Isto porque a diabetes tipo LADA se desenvolve ao longo do tempo (durante anos, muitas vezes) e é, muitas vezes, detetada em adultos, como a diabetes tipo 2. O que não acontece no caso da diabetes tipo 1, que aparece na infância ou adolescência, geralmente, e que se desenvolve muito rapidamente. Outra das semelhanças é que a maior parte das vezes os doentes não têm logo que começar a tomar insulina – à semelhança da diabetes tipo 2, alterações de estilo de vida e medicação por via oral serão em princípio suficientes numa primeira fase da doença.

Por tudo isto, a diabetes tipo LADA é até algumas vezes conhecida como diabetes tipo 1.5.

Mas o que acontece de diferente neste caso?

Ao contrário do que acontece na diabetes tipo 1, em que os anticorpos produzidos são maioritariamente de um determinado tipo, na diabetes tipo LADA os doentes produzem um tipo de anticorpos chamados anti-GAD.

GAD, ou glutamato descarboxilase, é o nome de uma enzima muito importante no organismo. Entre outras funções, ajuda o pâncreas a desempenhar corretamente o seu papel. Ou seja, quando o corpo começa a produzir anticorpos anti-GAD, as células produtoras de insulina começam a ser destruídas e a sua função fica comprometida.

Do diagnóstico da doença…

A diabetes tipo LADA é a forma mais prevalente de diabetes autoimune nos adultos, a maior parte com menos de 50 anos, pelo que este é um bom primeiro critério para o médico fazer o diagnóstico. À idade juntam-se outros: presença de sintomas agudos, índice de massa corporal (IMC) < 25 kg/m2 (ou seja, peso considerado normal) e história pessoal ou familiar de outras doenças autoimunes. A presença de pelo menos duas destas características clínicas é indicadora da doença.

De seguida, o médico tem de distinguir o tipo de anticorpos que podem estar presentes para poder pôr de lado outros tipos de diabetes. Na diabetes tipo LADA os anticorpos que costumam aparecer na diabetes tipo 1 são raros, enquanto os GADA são característicos (90 % de positividade).

Além disso, comparativamente com a diabetes tipo 2 (onde os doentes tendem a ter excesso de peso ou obesidade), os indivíduos com LADA costumam apresentar um melhor perfil metabólico (açúcar no sangue, função renal, etc.), IMC mais baixo e tensão arterial mais controlada.

… aos sintomas

Os primeiros sintomas de diabetes tipo LADA incluem:

  • Cansaço constante ou cansaço regular depois das refeições;
  • Cabeça ausente;
  • Fome logo depois das refeições.

No entanto,  medida que a doença evolui, a capacidade do doente para produzir insulina vai também diminuindo (o corpo continua a destruir as células), o que leva a sintomas como:

  • Dificuldade em controlar a sede;
  • Necessidade frequente em urinar;
  • Visão turva;
  • Formigueiro (pode estar associado a complicações nos nervos, pelo que deve ser visto com o médico).

Tratamento

O tratamento da diabetes tipo LADA tem muitas semelhanças com o tratamento dos outros tipos de diabetes. Inicialmente, há muitas coisas que o médico vai recomendar ao doente diabético. Por etapas, o mais normal será:

  • Restrição do consumo de calorias e aumento do exercício físico, para controlo do peso;
  • A toma de antidiabéticos orais;
  • A determinada altura, será necessário incitar a terapêutica com insulina.

Detetar os sintomas numa fase inicial irá ajudar a prevenir, por exemplo, consequências mais gravosas que a diabetes não controlada pode trazer a longo prazo. Há alguma evidência de que o início da toma de insulina, mais cedo do que seria necessário, pode beneficiar a evolução da doença. No entanto, o médico guiará os doentes por este processo e tomará essas decisões clínicas em conformidade com cada caso.

Como o diabetes tipo 1 interfere no crescimento?

O crescimento e o desenvolvimento são os principais indicadores da boa saúde de uma criança. Quando a ela passa a dar os primeiros passos, falar, bater palmas… e também o quanto ela mede e se seu crescimento está adequado para sua idade. Todos esses fatores, que são analisados em conjunto, ajudam a entender se a criança está dentro ou fora do esperado para sua faixa de idade.

O Diabetes tipo 1 se desenvolve quando o pâncreas não consegue mais produzir insulina, e acontece comumente em crianças, adolescentes, adultos jovens, ou mesmo em bebês. É uma doença que pode interferir no crescimento e no desenvolvimento da criança, porque afeta os níveis de glicose no corpo.

As células do corpo necessitam da glicose como combustível para realizar suas tarefas. Células dos músculos (miócitos) precisam de glicose para se contraírem, células da retina (bastonetes e cones) precisam de glicose para enviar imagens da visão para o cérebro, células do nosso cérebro (neurônios) precisam de glicose para transmitir nossas conexões cerebrais. Quando uma criança com diabetes está com seus níveis de açúcar no sangue descontrolados, sejam eles muito altos ou muito baixos, acontece uma dificuldade de funcionamento das células de todo o organismo. E, já que estamos falando de crescimento…

Se os níveis de açúcar estão descontrolados, as células responsáveis pela fabricação dos ossos, tendões, cartilagens tem seu crescimento prejudicado, e a tendência é que a criança cresça menos. Da mesma forma, a chegada da puberdade também é prejudicada, tanto em meninos como em meninas.

Dessa forma, durante a fase de crescimento, é preciso que os níveis de açúcar fiquem bem controlados. Neste momento que vários sistemas do organismo estão se desenvolvendo e formando, manter o controle de glicose é fundamental para uma infância e adolescência saudáveis. O segredo é informação, cuidados intensivos com a alimentação, medicamentos corretos e atenção médica e de cuidadores. O conjunto da obra é a criança feliz e com uma vida normal, como deve ser!

Descontrole Glicêmico de Longo Prazo e Risco de Demência no Diabetes Tipo 1

O diabetes tipo 2 tem sido consistentemente associado ao aumento do risco de declínio cognitivo , comprometimento cognitivo leve e demência, tanto demência vascular  como doença de Alzheimer.  Tais resultados foram demonstrados para diabetes tipo 2, tanto na meia-idade como na velhice. O estudo resumido abaixo foi publicado nesta data (05-set-18) pela conceituada revista Diabetes Care, relatando o aumento de risco de demência em pacientes com diabetes tipo 1 com descontrole glicêmico.

OBJETIVO: Indivíduos com diabetes tipo 1 experimentaram um aumento na expectativa de vida; no entanto, não se sabe qual nível de controle glicêmico é ideal para manter a saúde do cérebro na fase final da vida. Nós investigamos a associação de controle glicêmico a longo prazo com demência em indivíduos idosos com diabetes tipo 1.

DESENHO E MÉTODOS DE PESQUISA : Acompanhamos 3.433 membros de um sistema de saúde com diabetes tipo 1, com idade ≥50 anos, de 1996 a 2015. Medições repetidas de hemoglobina A1c (HbA1c), diagnósticos de demência e comorbidades foram verificadas a partir de registros de saúde. Os modelos de riscos proporcionais de Cox foram adequados para avaliar a associação de exposição glicêmica variável no tempo com demência, com ajuste para idade, sexo, raça / etnia, condições de saúde de base e frequência de medição de HbA1c.

RESULTADOS : Ao longo de um seguimento médio de 6,3 anos, 155 indivíduos (4,5%) foram diagnosticados com demência. Pacientes com ≥ 50% das medições de HbA1c em 8-8,9% (64-74 mmol / mol) e ≥9% (≥75 mmol / mol) tiveram 65% e 79% maior risco de demência, respectivamente, em comparação com aqueles com < 50% das medições expostas (HbA1c 8-8,9% razão de risco ajustada [aHR] 1,65 [95% CI 1,06, 2,57] e HbA1c ≥9% aHR 1,79 [IC 95% 1,11, 2,90]). Por outro lado, pacientes com ≥ 50% das medições de HbA1c em 6–6,9% (42–52 mmol / mol) e 7–7,9% (53–63 mmol / mol) tiveram um risco 45% menor de demência (HbA1c 6–6,9 % aHR 0,55 [IC 95% 0,34, 0,88] e HbA1c 7-7,9% aHR 0,55 [IC 95% 0,37, 0,82]).

CONCLUSÕES : Entre os pacientes idosos com diabetes tipo 1, aqueles com maior exposição à HbA1c 8–8,9% e ≥9% aumentaram o risco de demência, enquanto aqueles com maior exposição à HbA1c 6‐6,9% e 7–7,9% tiveram risco reduzido. Os alvos glicêmicos atualmente recomendados para pacientes idosos com diabetes tipo 1 são consistentes com o envelhecimento saudável do cérebro.

Referencia bibliografia:

Mary E. Lacy, ME et alLong-term Glycemic Control and Dementia Risk in Type 1 Diabetes Diabetes Care 2018 Ago; dc180073. https://doi.org/10.2337/dc18-0073

Diabetes é uma doença hereditária?

Diabetes é uma doença crônica causada pela produção insuficiente de insulina – hormônio que regula a glicose no sangue e atua como fonte de energia – ou pela resistência à sua ação. Os fatores de risco para seu desenvolvimento são conhecidos, mas muito se fala sobre as condições genéticas que podem levar ao aparecimento da doença. Afinal, diabetes é uma doença hereditária?

De acordo com o Dr. Fábio Moura, membro da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e preceptor da residência em Endocrinologia do IMIP/PE, o diabetes mellitus tipo 1 é decorrente de uma destruição das células beta pancreáticas, responsáveis pela secreção de insulina, por uma reação autoimune – formação de anticorpos contra essas células – associada com alguns padrões de HLA, que conferem maior risco da doença e, portanto, existe componente hereditário para seu desenvolvimento.

No caso do diabetes mellitus tipo 2, o endocrinologista esclarece que também pode ser causado por influência hereditária: “Há ao menos 50 genes que podem aumentar ou diminuir o risco de desenvolver DM2. Ou seja, herança poligênica”, afirma.

Dr. Fábio ainda relata que existe um tipo de diabetes monogênico, chamado MODY, caracterizado por mutação específica em um gene. “Existem vários subtipos de MODY. É um defeito monogênico transmitido por herança autossômica dominante”, declara.

Embora sofra influência genética, o risco de desenvolver diabetes mellitus, especialmente tipo 2 é influenciado pelos hábitos de vida – ou seja, fatores genéticos podem exercer um papel importante em seu desenvolvimento, mas a questão da herança é bastante complexa e interage com fatores ambientais. Em relação ao Diabetes Tipo 2, cerca de 95% dos casos poderiam ser evitados com dieta balanceada e prática regular de exercícios físicos.

A SBD recomenda que pessoas que tenham parentes próximos com a doença procurem um endocrinologista. Além disso, testes genéticos podem ser feitos em casos específicos com suspeita de MODY ou DM1.

É possível prevenir o diabetes tipo 2 com medicamentos?

Embora mais brasileiros tenham adotado o hábito de manter uma alimentação equilibrada com o consumo de frutas e hortaliças, o índice de obesidade segue crescendo no país. Dados da última pesquisa realizada pelo VIGITEL apontam que a taxa de obesidade no Brasil aumentou 67% entre 2006 e 2018. Mas, o que muita gente não sabe, é que estar acima do peso é um dos fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2.

Prevenir a doença com o uso de medicamentos é possível, porém a recomendação é feita apenas em casos específicos. Segundo o Dr. Ruy Lyra da Silva Filho, professor de endocrinologia da Universidade Federal de Pernambuco e membro da SBD, a melhor forma de evitar o diabetes é manter uma dieta adequada, com perda e peso e execução de atividades físicas: “Normalmente a primeira conduta é a mudança de comportamento, mas o uso de medicamentos pode ser feito em casos específicos. No Brasil, a metformina é a única medicação liberada para o tratamento de pré-diabetes”, afirma.

Em associação com a dieta, é aconselhado a prática de atividades físicas aeróbicas de intensidade moderada, como caminhadas rápidas de 150 minutos/semana, distribuída em pelo menos três sessões. Cada sessão de exercício deve durar mais que 10 minutos e não ultrapassar 75 minutos.

A mudança de estilo de vida contribui também para a prevenção de outras doenças e além disso, evita possíveis complicações nos casos de pacientes que já foram diagnosticados com diabetes.

O especialista ainda ressalta que é muito importante que as pessoas com alto risco para o desenvolvimento da doença estejam atentas: “Faça exames periódicos, procure manter o peso adequado e exercite seu corpo. Dessa maneira, definitivamente, o diabetes tipo 2 pode ser prevenido”, conclui.

A SBD recomenda que pessoas com predisposição ao diabetes consultem um médico o mais cedo possível a fim de esclarecer dúvidas sobre a doença. O uso de medicamentos sem orientação de um profissional da área de saúde não deve ser feito.

Diabetes tipo 2 tem cura?

O diabetes é uma doença que afeta cerca de 14 milhões de Brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes. E, além de ser muito comum, suas complicações são bastante temidas: amputações, hemodiálise ou perda da visão, além de infartos ou derrames. Diante da gravidade do problema, é natural que busquemos incessantemente a cura da diabetes. Mas será que realmente a diabetes tem cura?

Quando analisamos pela óptica da medicina, na realidade, o diabetes não tem cura. O que pode acontecer é que a pessoa passe a apresentar, durante ou depois de um tratamento, níveis controlados de açúcar no seu sangue, que podem até serem níveis normais. Mas, uma vez que a pessoa já foi diagnosticada com diabetes, ela será sempre diabética, bem controlada, mas terá que ter os cuidados e monitoramento regulares.

Muitas vezes, fala-se em cura do diabetes quando, no caso do diabetes tipo 2, se a pessoa desenvolve a doença devido ao aumento de peso e ela emagrece, os níveis de açúcar se normalizam, e isto muitas vezes é visto como cura. Aqui, é importante entendermos que o que acontece na verdade é um bom controle da doença, mas caso a pessoa volte a ganhar peso, muito provavelmente a doença voltará a dar sinais nos exames de sangue.

Além disso, o corpo sente em longo prazo os efeitos do açúcar elevado na corrente sanguínea, mesmo que este aumento seja por um período curto de tempo. Se uma pessoa teve o diagnóstico de diabetes e mudou seus hábitos, normalizando as taxas de açúcar em cerca de 3 meses, por exemplo, mesmo assim o seu corpo sentirá os efeitos desta descompensação no futuro, é a chamada memória metabólica do organismo.

Dessa forma, mesmo que o paciente diabético esteja com suas taxas de açúcar normais e não esteja tomando nenhum medicamento, os exames de rotina anuais como fundo de olho para avaliar a retina, microalbuminúria para avaliar o rim, controle da pressão e colesterol devem ser feitos.

Atualmente novas técnicas de transplante de pâncreas ou das ilhotas pancreáticas – que são as estruturas que produzem insulina – podem ser usadas para o tratamento do paciente diabético tipo 1, e menos comumente nos tipo 2. E mesmo assim, neste caso, com a total normalização dos níveis de glicose no sangue, o acompanhamento nos anos seguintes com os exames importantes para o diabetes deverá continuar a ser feito.

Muito também tem se falado sobre a cirurgia bariátrica promover a cura do diabetes. E aqui o raciocínio é o mesmo da perda de peso. Mesmo que um paciente diabético tipo 2 se submeta a cirurgia e pare de usar medicamentos, se seus níveis de açúcar ficarem normais, mesmo assim ele ainda, a rigor, continuará sendo diabético – bem controlado, mas diabético. Nestes casos os especialistas chamam de remissão da doença e não de cura.

Então, devemos desanimar? Claro que não! Na prática, para a qualidade de vida do paciente, a remissão do diabetes é tudo que um médico deseja para seu paciente. Quanto mais os níveis de glicose forem normais no sangue, menos complicações e maior qualidade de vida.

Dez razões para não ter medo

Quando falamos de diabetes mellitus, o tipo 2 é disparado o mais comum. No início do quadro, o diabetes tipo 2 pode ser tratado com mudanças no estilo de vida, como alimentação adequada, exercícios físicos e perda de peso, associadas ou não a medicamentos por via oral, principalmente. Contudo, grande parte dos pacientes diabéticos tipo 2 precisarão fazer uso de insulina em algum momento. Isso não é motivo para pânico, conforme veremos a seguir nos dez “medos” mais comuns.

Medo 1: A injeção de insulina dói.

Hoje temos disponíveis no mercado, seringas e canetas com agulhas extremamente finas e curtas. Com esses dispositivos e com uma técnica de aplicação adequada, o desconforto causado pela picada é mínimo.

Medo 2: Começar insulina é sinal de que o diabetes está piorando.

O diabetes é uma doença crônica e progressiva, isto é, não tem cura e piora lentamente com o tempo. Contudo, o uso da insulina visa justamente conter a progressão das complicações do diabetes como cegueira, problemas renais e amputações. Logo, não iniciar a insulina no momento oportuno é que pode piorar o diabetes.

Medo 3: Usar insulina é sinal de que o tratamento com outros medicamentos não foi feito corretamente.

Independente de se ter usado corretamente a medicação, o diabetes pode progredir. Isto acontece porque as células beta do pâncreas, que produzem insulina, perdem função a medida que o tempo passa.

Medo 4: Insulina causa hipoglicemias.

A insulina pode fazer a glicose baixar demais e isso causar sintomas desconfortáveis. Mas felizmente, pacientes que seguem as recomendações alimentares e fazem corretamente o monitoramento da glicemia na ponta do dedo, não costumam ter crises de queda de glicose. Além disso, a hipoglicemia pode ser prontamente revertida com tratamento apropriado.

Medo 5: O uso da insulina atrapalha a rotina diária.

Hoje, com canetas pequenas e fáceis de carregar, usar insulina pode ser até mais simples do que ter que tomar vários comprimidos diferentes por dia.

Medo 6: A insulina diminui a qualidade de vida.

Na realidade, a insulina melhora muito a qualidade de vida, já que com o melhor controle da glicemia, a sensação de energia e bem-estar é maior. Até o sono melhora!

Medo 7: O uso de insulina causa complicações no diabético.

Aqui chegamos a um ponto interessante. Muitos pacientes, por preconceito ou por desconhecimento, acabam demorando demais a receber tratamento com insulina. Neste tempo, as complicações do diabetes se instalam. Quando a insulina é iniciada atrasada, o paciente e familiares tem a impressão de que as complicações se associaram ao uso desta, quando na verdade, foram causadas pelo tratamento inapropriado. Isto é, a demora no início da terapia com insulina é que causa complicações.

Medo 8: Usuários de insulina são tratados com preconceito ou de maneira diferente.

A maneira com um paciente diabético é tratado por familiares e amigos é melhor quanto maior for o conhecimento e o diálogo com estas pessoas. Falar abertamente ajuda a esclarecer dúvidas daqueles que não conhecem a doença.

Medo 9: Insulina engorda.

Comida e falta de atividade física engordam. Apesar do uso de insulina se associar a ganho de peso, quando a alimentação e exercícios são colocados na rotina, esse efeito indesejável pode ser minimizado.

Medo 10: Existem tratamentos mais naturais para o diabetes.

Insulina é o tratamento mais natural para o diabetes, já que nada mais é do que a reposição de um hormônio que o organismo normalmente produz e que está em falta absoluta ou relativa.

Diabetes Gestacional

Durante a gravidez ocorrem adaptações na produção hormonal materna para permitir o desenvolvimento do bebê. A placenta é uma fonte importante de hormônios que reduzem a ação da insulina, responsável pela captação e utilização da glicose pelo corpo. O pâncreas materno, consequentemente, aumenta a produção de insulina para compensar este quadro de resistência á sua ação. Em algumas mulheres, entretanto, este processo não ocorre e elas desenvolvem quadro de diabetes gestacional, caracterizado pelo aumento do nível de glicose no sangue. Quando o bebê é exposto a grandes quantidades de glicose ainda no ambiente intra-uterino, há maior risco de crescimento fetal excessivo(macrossomia fetal) e, conseqüentemente, partos traumáticos, hipoglicemia neonatal e até de obesidade e diabetes na vida adulta.

O diabetes gestacional pode ocorrer em qualquer mulher. Não é comum a presença de sintomas. Por isso, recomenda-se que todas as gestantes pesquisem, a partir da 24ª semana (início do 6º mês) de gravidez, como está a glicose em jejum e, mais importante ainda, a glicemia após estímulo da ingestão de glicose, o chamado teste oral de tolerância a glicose .O diagnóstico é feito caso a glicose no sangue venha com valores iguais ou maiores a 92 mg/dl no jejum ou 180 mg/dl e 153 mg/dl respectivamente 1 hora e 2 horas após a ingestão do açúcar.

Algumas mulheres tem maior risco de desenvolver a doença e devem estar mais atentas.

São considerados fatores de risco para o diabetes gestacional: Idade materna mais avançada, ganho de peso excessivo durante a gestação, sobrepeso ou obesidade, Síndrome dos ovários policísticos, história prévia de bebês grandes (mais de 4 kg) ou de diabetes gestacional, história familiar de diabetes em parentes de 1º grau , história de diabetes gestacional na mãe da gestante, hipertensão arterial sistêmica na gestação e gestação múltipla (gravidez de gêmeos).

O controle do diabetes gestacional é feito na maioria das vezes através de uma orientação nutricional adequada. A gestante necessita ajustar para cada período da gravidez as quantidades dos nutrientes. A prática de atividade física é uma medida de grande eficácia para redução dos níveis glicêmicos. A atividade deve ser feita somente depois de avaliada se existe alguma contra-indicação, como por exemplo, risco de trabalho de parto prematuro.

Aquelas gestantes que não chegam a um controle adequado com dieta e atividade física tem indicação de associar uso de insulinoterapia. O uso da insulina é seguro durante a gestação e o objetivo da terapêutica é a normalização da glicose materna, ou seja, manter níveis antes das refeições menores que 95 mg/dl e 1 hora após as refeições menores que 140 mg/dl. É importante destacar que a maioria das gestações complicadas pelo diabetes, quando tratada de maneira adequada, irá ter um excelente desfecho e os bebês nascerão saudáveis.

Aproximadamente 6 semanas após o parto a mulher que teve diabetes gestacional deve realizar um novo teste oral de tolerância a glicose, sem estar em uso de medicamentos antidiabéticos. O histórico de diabetes gestacional é um importante fator de risco para desenvolvimento de diabetes tipo 2 ao longo da vida adulta e na senilidade. O aleitamento materno pode reduzir o risco de desenvolvimento de diabetes permanente após o parto. O desenvolvimento de diabetes tipo 2 após o parto frequentemente é prevenido com a manutenção de uma alimentação balanceada e com a prática regular de atividades físicas.

Diabetes gestacional pode levar ao nascimento prematuro do bebê

A gravidez é, sem sobra de dúvidas, um momento especial na vida da mulher. O desenvolvimento de diabetes gestacional neste período é um quadro que exige acompanhamento e cuidado adequados. Acometendo entre 2,4 a 7,2% das gestantes, segundo dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, o Diabetes Gestacional requer diagnóstico e tratamento breves, pois pode causar desde parto prematuro até o nascimento de bebês muito acima do peso.

As causas do diabetes gestacional envolvem as mudanças hormonais no corpo da mulher durante a gestação. A placenta, para garantir que a glicose chegue de forma adequada ao bebê em formação, acaba enfraquecendo a insulina da mãe. O resultado é uma compensação do pâncreas materno, produzindo mais insulina na tentativa de reduzir os níveis de açúcar no sangue. Este quadro de glicose alta e insulina alta no sangue – que muitas vezes não consegue controlar os níveis de glicose – vai se somar, levando então ao desenvolvimento do diabetes gestacional.

O diagnóstico é realizado através da realização da dosagem de glicose no sangue (glicemia) e da curva glicêmica. O primeiro passo do tratamento é a correção dos hábitos alimentares, com orientação nutricional adequada. Na medida em que a gestação permitir, a atividade física deve ser estimulada, pois é importante para regular os níveis de açúcar no sangue. As gestantes que não apresentam controle adequado da glicemia com dieta e atividade física, necessitarão receber insulina que é uma medicação segura e oferece bom resultado no controle.

O diabetes gestacional não controlado é fonte de muitas preocupações. Quando o bebê recebe grandes quantidades de glicose, acaba nascendo muito acima do peso, o que aumenta o risco de complicações no parto, chance de hipoglicemia neonatal e também de desenvolvimento de obesidade na idade adulta.

Para a mãe, uma vez feito o diagnóstico de diabetes gestacional, existe um grande risco de desenvolvimento de diabetes nas próximas gestações e também de evolução para diabetes tipo 2 dentro dos anos seguintes. O primeiro passo após uma gestação com diabetes gestacional é a prevenção. A perda de peso e a atividade física regular são armas fundamentais para evitar o desenvolvimento de diabetes gestacional em uma próxima gestação e até do próprio diabetes no futuro.

O mais importante, para as futuras mamães, é estar atenta à sua saúde. Realizar exames antes da gestação, corrigir o excesso do peso se houver, e acertar na dieta. Para este momento tão especial, todo cuidado é fundamental.

Diabetes gestacional é permanente?

O diabetes gestacional é caracterizado pelo elevado nível de glicose no sangue que surge durante a gravidez. A insulina é responsável pela entrada de glicose nas células e, no período da gestação, a placenta produz hormônios que atuam aumentando à resistência à ação da insulina e muitas mães desenvolvem um quadro de hiperglicemia.

Muitas mulheres podem ser afetadas pelo diabetes gestacional, mas aquelas que engravidam em idades avançadas, apresentam histórico familiar de diabetes, têm Síndrome do Ovário Policístico, excesso de peso ou que ganham muitos quilos durante o período da gravidez tem maior risco de desenvolver o diabetes gestacional. Mas, afinal, a doença é permanente?

Segundo a Dra. Lenita Zajdenverg, Coordenadora do Departamento de Saúde da Mulher, Diabetes e Gestação da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), grande parte das mulheres voltam a apresentar níveis normais de glicose após o parto, mas o fato de ter apresentado hiperglicemia na gravidez, há risco aumentado de desenvolver o diabetes permanente em alguma fase da vida. “O diabetes gestacional, por definição, é o diabetes que surge e desaparece após a gravidez, mas algumas mulheres já apresentam pré-disposição à doença, que pode voltar em algum momento e se tornar permanente”.

O diagnóstico do diabetes gestacional pode ser feito a partir da 24ª semana de gravidez por meio do teste oral de intolerância a glicose e deve fazer parte dos exames de acompanhamento pré-natal de todas as gestantes. E outra boa notícia é que pode ser prevenido: “Alguns estudos demonstram que mulheres que praticam atividades físicas e evitam manter uma alimentação com grande quantidade de calorias, têm chances menores de apresentarem o diabetes durante a gravidez. Cuidando da saúde e mantendo hábitos saudáveis é possível prevenir a doença. Até mesmo mulheres que já têm o diagnóstico de diabetes gestacional, uma boa rotina ajuda a reduzir os riscos de problemas durante a gestação e também futuramente para a mãe e o bebê”, afirma.

A SBD ressalta a importância de fazer o acompanhamento médico e nutricional durante os nove meses de gestação para prevenir o diabetes gestacional, do ganho excessivo de peso e outras doenças.

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